quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Meditações em Schopenhauer - O corpo

Até agora todo o cosmos era representação, inclusivé o nosso corpo. Nesta fase vamos estudar a existência ou não de uma linha limite entre a representação do nosso corpo e do resto do cosmos.

A representação do corpo é conhecimento imediato, ao contrário do conhecimento dos objectos para lá do limite corporal, cujo conhecimento é mediato (ou seja, depende da actividade dos objectos). O corpo tem a forma de acção propolcionada pala a alma, a sua forma é alterada pela modificação dos estados da matéria motivados pela alma.

Em Descartes o corpo é precisamente a fronteira entre o cógito e o cosmos, o eu e universo. No entanto para ele o corpo não é conhecimento imediato, só sendo conhecimento imediato o cógito. Em Schopenhauer temos antes um fio de ligação entre duas faculdades. A faculdade do entendimento e a faculdade da sensibilidade ou conciência da acção do cosmos sobre o corpo.

O mundo representativo subdivide-se, portanto, no conhecimento intuitivo já estudado anteriomente (resulta da capacidade que o entendimento tem de aplicar a lei da causalidade às dinâmicas dos objecto) e sensibilidade aos objecto imediatos.

O objecto imediato, é assim, toda a representação de um objecto percebido directamente e que não resultada actuação da dinâmica causal entre objectos. De notar, que este objecto resulta sempre da interacção com o corpo.

O corpo também está sujeito, ao entendimento, que contém em sim (como vimos) a lei da causalidade. O corpo é então uma intuição de um objecto, idêntica à de outro qualquer tipo de objecto aplicada à dinâmica da causalidade contida no próprio corpo.

É uma caracteristica do reino das espécies animais a faculdade do entendimento, a capacidade de efectuar a a interligação entre e dinâmica causa-efeito. É claro que esta noção da dinâmica causal tem diferentes graus. Num grau inferior está a dinâmica causal entre objecto imdiato e mediato, num grau superior está o entendimento das relações entre objectos mediatos e todo o empreendimento que consiste o penetrar na complexidade destas relações causais.

Toda a percepção é numa primeira fase apenas produto do entendimento, do qual nunca provém "produção de conhecimento". Consiste assim, numa primeira fase, em intuição pura que depois se apresenta à razão, a qual actua sobre as representações abstratas podendo trata-las conforme os principios da razão.

No seu mais elevado ponto de desenvolvimento, o entendimento é a capacidade de descoberta das causas "desconhecidas" dos efeitos. Estes são depois apresentados à razão onde se estabelecem como lei universais do cosmos. Poderemos então designar o entendimento como o "arquitecto" da razão, dado que é ele que constroi os conceitos da razão. A razão aprenseta-se apenas como elemento onde os conceitos racionais se manifestam.

As espécies animais têm a particularida de terem entendimento, mas não terem razão . O facto de não terem razão permite-nos estudar nestes o entendimento isolado da razão.

Os animais não têm razão que permite o armazenamento e articulação dos conceitos abstratos e portanto não refletem, dado que a reflexão exige arquétipos abstratos. Na estrutura da razão funda-se a verdade que é todo o conhecimento sujeito ao escrutinio da exactidão. Já o entendimento processa todas as percepções reais e que não contêm em si a verdade. Entendimento é processamento articulado da percepção real em conjunto com os conceitos abstratos da razão. É claro que a razão como assimilação de verdades está sujeito ao seu oposto que é o erro enquanto o entendimento como assimilação da realidade está sujeita como seu oposto à aparência. Aqui coloca-se uma questão, talvez a maior questão de toda a filosofia, que é a de saber se a realidade pura, assim como a verdade pura existem. Mas, o que se afima aqui é que a verdade e a realidade existem mas em diferentes graus de pureza.

O conhecimento apriori é condição necessária de todo o animal e do homem e dele provém a capacidade de percepção.

Abaixo hierarquicamente da razão e do entendimento está o instinto. O instinto é toda a acção que deriva de processos não racionais.

Nenhum comentário: