quarta-feira, 30 de abril de 2008

Meditações e Schopenhauer - Conceito

A representação dos conceitos é pertença única do homem. O conhecimento intuitivo das representações de conceitos é impossivel. Todo o conhecimentos abstrato está fora do âmbito da experimentação, que apenas pode pode ser aplicada às representações intutivas.

A forma de abordar a questão das representações dos conceitos, tem necessáriamente de ser diferente da forma como se tratam as intuições, dado que são de naturezas diferentes.

Os conceitos representam potência para a actuação sobre o real. Aliás, todos o actos derivado da representação de conceitos, está manifesto nas mais notáveis obras da humanidade, efeito do mecanismo de elaboração de conceitos humano.

Poderemos definir a linguagem, como o mecanismo de transmição de conceitos, mais ou menos elaborado, sendo a amplitude da subtileza destas transmição enorme. Assim, temos num extremo a poesia, a filosofia, como a mais elevada transmição de conceitos pela linguagem. E temos os conceitos primários, a linguagem que resulta do condicionamento associado a um grau de reflexão muito residual.

E como assimilamos a linguagem?

Pela formação de arquétipos mentais?

Schopenahauer apesar de não falar arquétipos, propriamente, mas em imagens mentais , considera que a formação de tantas imagens na assimilação da linguagem seria tumultuosa, por ser excessiva a quantidade de imagens mentais. Schopenhauer pensa que poucos arquétipos se formam na assimilação da linguagem dado que as noções de linguagem recebidas são mioritáriamente noções abstratas.

Depois da assimilação destas noções abstratas formando conceitos, a razão tem a capacidade de aplica-las ao mundo real, e transmiti-las na forma de linguagem --> é isto que diferencia o homem do animal, a capacidade de formar conceitos, de os identificar e de os enquadrar no mundo fisico e metafisico.

Todo o fenómeno produzido pela razão está intimamente ligado aos conceitos. Tudo isto , naturalmente, se refere às representações abstratas e não às representações intuitivas. A verdade é que para os conceitos formamos imagens. Por exemplo: quendo pensamos no conceito de Deus formamos a imagem mental do céu, exactamente por simbolizar o que está acima de nós, e Deus simbolizar o eternamente superior.

O conceito e a intuição, estão intimamente interligados e associados. Para definir o conceito é necessário associá-lo e relacioná-lo com a intuição porque a intuição é a sua estrutura base. Para Schopenhauer, a reflexão não passa de uma representação interna do mundo, da intuição. Define o conceito como representação de representação.

A representação na sua essência é uma manifestação do conceito da razão. O principio da razão é também prinicipio do conchecimento -> portanto o elo de ligação entre representações abstratas pertence ao principio da razão.

É claro que do prinicipio do conhecimento manifesto na representação abstrata, com origem nos conceitos se podem originar novas representações abstratas, não sendo este um processo infindo. Chegamos sempre a um ponto que o conceito não se estrutura só na representação abstrata, mas também na intuição.

Numa metáfora podemos imaginar o mundo da intuição como a terra e o mundo da reflexão o céu, visto como intangível e com limites de inteligibilidade. Apesar do conceito conter a noção de algo pertencente ao real, ele não o representa na substância. O conceito nunca deixa de ser um ente abstrato . Associada a qualquer representação chegamos sempre ao ponto em que o conceito se estrutura em função não só da representação abstrata, mas também na intuição. Numa metáfota podemos imaginar o mundo da intuição como a terra ( o mundo físico) e o mundo da reflexão o céu visto de um ponto de vista intangível, ininteligivel (mundo não físico). Apesar de o conceito conter a noção de algo pertencente ao real , ele não o representa na sua substância enquanto conceito. O conceito nunca deixa de ser um ente abstrato, associado a qualquer representação abstrata produzida pela razão (a todos os conceitos está associada uma generalização, da qual se pode deduzir particularidades inerentes ao real).

A todo o conceito como generalização que é surgem todas as derivações particulares. Por exemplo: Para o conceito de mal que representamos, surgem associdados todos os casos de mal que nos recordamos.

Conceito de mal ---> Ter acto voluntário com intenção de provocar dor fisica e psicológica em alguém.

Schopenhauer define cada conceito como uma esfera e nota de forma deveras interessante que as esferas dos conceitos, têm de necessáriamente estar contidas nas esferas de outros conceitos. Existem aspectos contidos noutros conceitos . Portanto, quanto mais genérico o conceito, mais abrange relativamente às esferas de outros conceitos.

Regra definida por Schopenhauer : "Dois conceitos que diferem realmente, cada um, ou pelo menos um dos dois, deve incluir qualquer elemento não encerrado no outro".

A forma mais perfeita de representar conceitos é o circulo. Deste modo, quando dois conceitos significam exactamente o mesmo, ambos representam o mesmo circulo. Para exemplo do que foi dito, basta pensar nas palávras sinónimas, mas tendo em atenção as possiveis formas de divergência interconceitos. Temos também os conceitos que por terem natureza mais ampla que outros, os contêm em si. Temos os conceitos que contêm em si um conjunto de conceitos, mas que constituem a sua parte, que conjugados constituem o todo. Temos ainda dois conceitos diferentes, com sub-conceitos que se interligam.

Temos ainda sub-conceitos contidos num conceito, mas que apenas constituem uma parte destes. De notar que as relações entre os conceitos descritos podem ocorrer entre si.

Toda a estrutura sistematizada do saber ou teoria ciêntifica é uma sistematização de certezas de caracter amplo e abstrato, aplicando-se aos objectos do mundo físico. As ciências são deste modo leis que provam regularidades nos fenómenos físicos. Obviamente, uma ideia geral abstrata é muito mais facilmente trabalhável de modo a que sujeita a condições limite, esta ideia geral se particularize e se torne uma descrição de um fenómeno específico. A lógica neste aspecto difere dos resto das ciências . A lógica é o estudo das dinâmicas racionais, consiste na sistematização abstrata dos mecanismos da razão. Ex: tudo o que não tem lógica não obedece aos mecanismos racionais.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Meditações em Schopenhauer - Razão

É um acto que provém e que tem como principio primário a intuição, sendo inerente a ela. A intuição tem como caracteristica a pré-determinação causal para uma ampla variedade das situações em análise ----> A verdade e a certeza estão quase sempre muito próximas.

Exemplo: Vejo uma mesa, considero-a uma certeza muito próxima da verdade ----> Definimos esta representação como um facto. Mas o acto da intuição é estagnado dado que nesta representação apenas as faculdades primárias são utilizadas. Na intuição ainda não atingimos o estado de dúvida, nela todo o mundo é "perfeito". Na intuição ainda não desobrimos a ignorância, todo o mundo é um dado adquirido. Neste mundo vivemos então num irracionalismo, que no homem contém a potência da racionalidade. A intuição na sia simplicidade contém em si o contingênte e portanto é uma dinâmica do "acto natural". Defino aqui "acto" e dinâmica com sentidos similares.

A razão ao contrário da intuição caracteriza-se pela sujeição à dúvida ao erro. Na sua capacidade especulativa permite penetrar no dúbio por conter em si a criação. Pela sua complexidade, a especulação racional é fonte das mais poderosas sistematizações do pensamento. Ela é a fonte de todas a ideias instituidas (conceitos). A luta instituidas contra estas sistematizações racionais na procura detectar erros nelas é a obra dos grandes pensadores. Conclui-se que: O processo racional reside na dúvida, no detectar o erro e evitá-lo contantemente. Todo este processo é um processo de aversão ao erro, mas que vive dele e da sua detecção. Temos uma relação paradoxal de opostos em que se manifesta aversão pelo erro e em que no entanto, este é o fio condutor que leva à contemplação do admirável, do espantoso "novo conhecimento" ou "novo conceito"!


Representação no objecto

----> Tempo;
----> Espaço;
----> Causalidade;


Representação no sujeito

----> Intuição
----> Entendimento

----------------> Num grau superior só o homem tem reflexão


A reflexão tem a capacidade de indicar causas e de por acção da vontade restringir a causa mais forte ---> Portanto aqui a vontade funciona como despontar da potência que liga causa ao efeito.
Máxima essencial em Schopenhauer: "O animal sente e percebe, o homem pensa e sabe, ambos querem".

(Acto ----> Acumulação da vontade) --- >Tanto no animal como no homem.


Entre reflexão (só pertença do homem) e intuição (presente nos homens e nos animais apresenta-se um enorme hiato. Na intuição expressa-se unicamente o movimento aleatórios associados a uma vontade no máximo rudimentar. No homem atinge-se uma elevação da vontade, uma subtuleza da vontade expressa na linguagem e na complexidade da reflexão e do pensamento. Poderemos mesmo dizer que entre linguagem a razão há uma relação de reciprocidade muito importante.

Razão e Reflexão <---------> Linguagem

A capacidade de refletir no homem dá-lhe consciência da morte, para a qual é por natureza averso, mas que sabe eu um dia sucederá. Este facto mancha de melancolia inúmeros momentos da vida do homem, dado que está sujeito a um dado adquirido que é antinómico da sua própria natureza, que é o facto de ser um "ente vivo". A esta força imposta por uma das caracteristicas da natureza humana, neste caso o facto de estar vivo, chamarei como Schopenhauer "Força Vital". Na "Força Vital" detectamos o impulso da consciência perante um facto antinómico à natureza do ser vivo (que é o facto precisamente de ser vivo).

A razão contém em si a faculdade de conhecer. Funciona como elemento de controle do irracionalismo ou da mescla racional/irracional inerente a todo o homem. Não é que a mescla referida não seja importante, muito pelo contrário, considero-a um elemento fundamental no devir da razão e na sua própria estruturação. É que a mescla racional/irracional é a fonte da dúvida do erro, da investigação, fundamental no processo de procura da verdade.

Schopenhauer detecta na história da filosofia, uma torrente de teorias para definir a essência da razão e conclui que estas ou são pouco claras, ou se contradizem. Isto é revelador da complexidade desta questão. Schopenhauer define, no entanto , como função essencial da razão: a formação de conceitos.

Esta formação de conceito explica toda a linha divisória entre o que é racional e o que não é racional.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Pequena reflexão sobre Deus

Proposição: Deus não é o todo

Demosntração: Em tese podemos definir Deus como o infinitamente sublime. Ao defini-Lo como infinitamente sublime estamos já a limitá-lo, pq estamos a separa-lo do todo. Conclui-se portanto que Deus é limitado e que portanto Deus não é o todo.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Meditações em Schopenhauer - E para além da representação?

Num grau primário toda a representação é objecto e sujeito. Até agora só analisamos o mundo como representação. Falámos das noções de tempo, espaço e causalidade que estão contidas no objecto. O sujeito é no entanto uma condição para a existência do objecto assim como o objecto para a existência do sujeito (Há relação de reciprocidade). Conclusão: tempo, espaço e causalidade estão contidos intrisecamente no sujeito e portanto são conhecimento apriori.

Schopenhauer nega a existência da intuição racional, que permitiria o conhecimento do absoluto, da identidade sujeito-objecto. Esta intuição racional permitiria segundo principio da identidade a explicação do sujeito pelo objecto e do objecto pelo sujeito.

Desta filosofia da identidade são originados duas filosofias:

Idealismo transcedental - Através do princípio da razão o sujeito cria o objecto

Filosofia da Natureza - O sujeito é gradualmente produzido pelo objecto num processo contrutivo continuo.

Pomos dividir os sistemas filosóficos numa primeira fase entre aqueles que usam como principio base o objecto ou o sujeito. Os sistemas com base no objecto são: aqueles para os quais "o objecto é real"; aqueles para os quais o "objecto é substância"; Aqueles para os quais o "objecto é número"; e por fim aqueles para os quais o objecto é livre arbitrio. Nestas filosofia o entendimento é uma faculdade produzida pelos objectos e portanto não está contida no sujeito. Temos portanto um "entendimento material".

Para os sistemas cujo objecto é a realidade a dinâmica causal, o espaço e o tempo reais são essências de onde tudo provém. Este sistema é a base das ciências empiricas ----> numa primeira fase explicaram as causas microscópicas ( por exemplo estudo proporcionado pela Química - estudo das propriedades micriscópicas da matéria).

Schopenhauer critica o materialismo, como uma doutrina de conhecimento sujeito a um circulo que volta sempre ao mesmo ponto, uma vez que, parte da matéria com entidade absoluta, para chegar no fim do processo do conhecimento de novo à matéria inicial. No fundo o materialismo tem um elemento extremamente positivo no seu processo de aquisição de conhecimento que é a descoberta das dinâmicas causais entre objecto (é aqui que se funda toda a sua estrutura). Conclusão: Apesar de o materialismo nâo perscrutar a essência das coisas em si, tem o dom de se concentrar nas dinâmicas causais e de por o entendimento em funcionamento (importantissimas para a interpretação do mundo). No materialismo o entendimento é colocado como cerne do mundo, sendo esse entendimento um produto dos objectos do mundo.

A seguinte asserção de Schopenhauer é bastante ilustrativa da critica que ele faz ao materialismo: " O materialismo é um esforço para explicar pelos dados mediatos o que é dado imediatamente".

O materialismo diz que partindo da compreenção dos objectos consegue representar as representações imediatas. Aqui reside a essência da refutação do materialismo de Schopenhauer. Como pode a explicação das relações entre os objectos explicar as representações imediatas, se o próprio materialismo exige que as representações mediatas de que parte (os objectos) sejam explicadas pelos mecanismos do cérebro? Ou seja, o meterialismo exige que o cerebro processe os objecto mediatos antes de eles existirem. Cai deste modo o materialismo no absurdo de partir dos objectos e depois exigir que eles próprios (o cérebro) se criem a si prórpios.

Os fundamentos da ciência são:

Os princípios que regem a razão ---> Contém em si o sujeito porque a razão é pertença do sujeito.

Objecto ---> Determina a aplicação direccionada da razão

A ciência tem como fim ultimo encontrar o elo causal de todas as dinâmicas causa-efeito. Tem o objectivi de analizar todos os "factoriais", todas as condicionantes da transição causa-efeito. Enfim procurar as harmonias no mundo.

Uma das problemáticas da ciência em particular da Química é a da existência da entidade primordial, ou seja, a particula indizível de Demócrito. Apesar de quantitativamente os químicos admitirem, naturalmente, que a matéria é infinitamente indizivel, qualitativamente aguns no decorrer na história da ciência não aceitam este facto. Em toda a Química actual onde esta ideia persista, considero-a um erro, dado que a existência qualitativamente primordial de algo não explicaria a interacção doutro algo com essa matéria primordial. A definição de matéria primordial tem como propriedade a sua não possibilidade de tranformação, dado que perdia o seu caractér primorial (substância ultima de carácter permamente e essência da coisa em si). Esta questão está fora dos limites da inteligibilidade, apesar de ser muito importante.

Materialismo implica existência sem sujeito. Ora, se o objecto tem a sua existência dependente da percepção o objecto perde a sua existência sem percepção que o representa. A realidade foi criada no momento em que o primeiro ser vivo percepcionou. Antes o mundo não era representado, não tinha existência. A representação criou o mundo.

Primeira percepção ---> Exige "existência" de encadeamento causa-efeito anterior à percepção, temos portanto aqui uma contradição. Temos uma contradição, porque afinal existe causalidade antes da percepção representada (Contradição da faculdade de conhecer). Esta contradição pode ser resolvida colocando o tempo, o espaço e a causalidade não como propriedades da "coisa em si" mas da representação. Nas palavras de Schopenhauer: "o mundo objecto ou o mundo como representação, não é a única face do universo, é por assim dizer o penoso, a súperficie".

Schopenhauer coloca a representação, incluindo o tempo, espaço e causalidade como superficie do cosmos, ou sua parcela. A outra parcela, a "coisa em si", essência do mundo é para Schopenhauer a Vontade.

A primeira percepção determina a existência do primeiro tempo no passado. O começo do tempo não se deu na primeira percpção, é ele o próprio começo em si, ele é o pano de fundo do conhecimento, o pilar, a base do conhecimento. O passado, o presente e o futuro são uma determinação do sujeito, passado é representação temporal do sujeito.

Em Kant o principio da razão não permite atingir a coisa em si. O principio da razão permite conhecimento do fenómeno, não do númeno. Prencipio da razão ---> Determina objectos na sua formalidade mas não a "coisa em si".

Na escolástica o principio da razão contém em si o obsoluto. Contudo Kant não considera a razão como o absoluto, mas sim relativo, limitado e inteligivel. A razão é limitada ao fenómeno (no tempo, no espaço e na causalidade). O prinipio da razão não determina o sujeito, determina sempre o caracter formal dos objectos, nunca a "coisa em si" destes. Objecto, por sua vez, não determina o o sujeito e sujeito não determina objecto. A determinação destes pertence ao trancendente. Estamos como Schopenhauer aponta numa fuga à "coisa em si" à essência do cosmos ao relativizar o prencipio determinante da representação. A essência não estará, portanto, na representação porque esta não tem caracter absoluto.

Colocar a "coisa em si" no objecto é o principio base do materialismo. Colocar a "coisa em si" no sujeito é o principio base do idealismo.

A razão não pode ser absoluta porque então seria Deus. Deus estaria então contido numa propriedade absoluta do ser humano que na realidade não o é.

Em Schopenhauer toda e qualquer radicalidade filosófca em que o ponto de partida é o sujeito ou o objecto é um absurdo, autoaniquilando-se. O ponto de partida de Schopenhauer é a representação que é articulada pela relação sujeito-objecto. Como já foi referido o principio da razão determina a formas da representação. É ao assumir o principio da razão que a representação se sujeita ao principio da existência, no espaço, no tempo e na causalidade.

Nesta fase Schopenhauer define um novo principio da razão que é o conceito determinado pelo principio do conhecimento

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Meditações em Schopenhauer - O corpo

Até agora todo o cosmos era representação, inclusivé o nosso corpo. Nesta fase vamos estudar a existência ou não de uma linha limite entre a representação do nosso corpo e do resto do cosmos.

A representação do corpo é conhecimento imediato, ao contrário do conhecimento dos objectos para lá do limite corporal, cujo conhecimento é mediato (ou seja, depende da actividade dos objectos). O corpo tem a forma de acção propolcionada pala a alma, a sua forma é alterada pela modificação dos estados da matéria motivados pela alma.

Em Descartes o corpo é precisamente a fronteira entre o cógito e o cosmos, o eu e universo. No entanto para ele o corpo não é conhecimento imediato, só sendo conhecimento imediato o cógito. Em Schopenhauer temos antes um fio de ligação entre duas faculdades. A faculdade do entendimento e a faculdade da sensibilidade ou conciência da acção do cosmos sobre o corpo.

O mundo representativo subdivide-se, portanto, no conhecimento intuitivo já estudado anteriomente (resulta da capacidade que o entendimento tem de aplicar a lei da causalidade às dinâmicas dos objecto) e sensibilidade aos objecto imediatos.

O objecto imediato, é assim, toda a representação de um objecto percebido directamente e que não resultada actuação da dinâmica causal entre objectos. De notar, que este objecto resulta sempre da interacção com o corpo.

O corpo também está sujeito, ao entendimento, que contém em sim (como vimos) a lei da causalidade. O corpo é então uma intuição de um objecto, idêntica à de outro qualquer tipo de objecto aplicada à dinâmica da causalidade contida no próprio corpo.

É uma caracteristica do reino das espécies animais a faculdade do entendimento, a capacidade de efectuar a a interligação entre e dinâmica causa-efeito. É claro que esta noção da dinâmica causal tem diferentes graus. Num grau inferior está a dinâmica causal entre objecto imdiato e mediato, num grau superior está o entendimento das relações entre objectos mediatos e todo o empreendimento que consiste o penetrar na complexidade destas relações causais.

Toda a percepção é numa primeira fase apenas produto do entendimento, do qual nunca provém "produção de conhecimento". Consiste assim, numa primeira fase, em intuição pura que depois se apresenta à razão, a qual actua sobre as representações abstratas podendo trata-las conforme os principios da razão.

No seu mais elevado ponto de desenvolvimento, o entendimento é a capacidade de descoberta das causas "desconhecidas" dos efeitos. Estes são depois apresentados à razão onde se estabelecem como lei universais do cosmos. Poderemos então designar o entendimento como o "arquitecto" da razão, dado que é ele que constroi os conceitos da razão. A razão aprenseta-se apenas como elemento onde os conceitos racionais se manifestam.

As espécies animais têm a particularida de terem entendimento, mas não terem razão . O facto de não terem razão permite-nos estudar nestes o entendimento isolado da razão.

Os animais não têm razão que permite o armazenamento e articulação dos conceitos abstratos e portanto não refletem, dado que a reflexão exige arquétipos abstratos. Na estrutura da razão funda-se a verdade que é todo o conhecimento sujeito ao escrutinio da exactidão. Já o entendimento processa todas as percepções reais e que não contêm em si a verdade. Entendimento é processamento articulado da percepção real em conjunto com os conceitos abstratos da razão. É claro que a razão como assimilação de verdades está sujeito ao seu oposto que é o erro enquanto o entendimento como assimilação da realidade está sujeita como seu oposto à aparência. Aqui coloca-se uma questão, talvez a maior questão de toda a filosofia, que é a de saber se a realidade pura, assim como a verdade pura existem. Mas, o que se afima aqui é que a verdade e a realidade existem mas em diferentes graus de pureza.

O conhecimento apriori é condição necessária de todo o animal e do homem e dele provém a capacidade de percepção.

Abaixo hierarquicamente da razão e do entendimento está o instinto. O instinto é toda a acção que deriva de processos não racionais.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Meditações em Schopenhauer - Sujeito e objecto

A condição necessária da intuição são as leis da causalidade, contudo não existe uma relação de causa-efeito entre objecto e sujeito, dando se unicamente esta relação entre os objectos imediatos e mediatos. Assim o sujeito nunca experimenta directamente efeitos, mas sempre os objectos por si percepcionados.

A lei da causalidade é a condição precedente e necessária da intuição, da noção de sujeito e objecto e ao Principio da razão. É pois a lei da causalidade a lei "primeira".

Apesar de não o demonstrar aqui, o Principio da Razão é o determinante formal de todo e qualquer objecto.

No seguimento do pensamento enunciado, o objecto e a representação estão obviamente interligados, ou seja, o objecto pertence à representação. A representação só existe na existencia de um sujeito que represente. Conclui-se que o objecto nunca pode existir em si, separado do sujeito. Podemos mesmo dizer que há mais que uma interligação entre o objecto e a representação e dizer que eles se fundem numa unidade significando a mesma coisa. A própria essencia dos objectos é a aplicação da lei da causalidade aos seus estados no tempo, que provocam a permuta desse estado para outro.

Tudo o que foi expresso refere-se à forma de representação do mundo empirica. Nas suas representações o mundo é o que parece ser. Este é um mundo complementa inteligivel, cuja profundidade é perfeitamente alcançavel.

É um erro comum na utilização do principio da razão, aplicar as formas abstratas que representa às representações intuitivas (objectos). Confere-se, deste modo aos objectos, o principio do conhecimento, em vez do principio da existência o que é um tremendo erro.

A articulação entre os diversos conceitos e juizos abstratos é efectuado pelo principio da razão. Contudo a estes conceitos recebem a sua realidade de "algo diferente deles" que será o principio do conhecimento.

Chegamos nesta fase, depois de debater a problemática da relação entre sujeito e objecto e toda a essência desta questão a uma nova questão que se coloca ao Principio da Razão e que se coloca do seguinte modo: Não poderia toda a nossa vida ser um sonho? Qual a distinção entre sonho e vigilia?

Sonho e vigília são ambos representações sujeitas à lei da causalidade e é a ruptura do encadeamento dos elos causais das representações que distingue um e outro. Naturalmente, pode haver migrações de representações do sonho para a vigilia e é nessa ocorrência que a vigília pode ser afectada pelo sonho.

O sonho tem uma pluralidade de graus de clareza a todos eles aplicados as mesmas leis da causalidade e da vigília. Entre esses graus de clareza, a mais pura é aquela que se confunde com a vigília. Mas não haverá uma separação objectiva entre estes dois estados?

A distinção entre o sonho e a percepção real estão em que no sonho não existe a continuidade da percepção real. No sonho há uma anarquia representativa sem continuidade perceptiva.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Meditações em Schopenhauer - Espaço e Tempo

Na forma do tempo o princípio da razão assume o instante e a respectiva sucessão de momentos interligados pela relação causal. Relação causal que contém em si a dinâmica, o devir, a eterna transformação.

Quanto à aplicação do princípio da razão ao espaço, é muito importante, numa primeira análise, ter em consideração que todo o ser representado no espaço, determina e é determinado pelo fluxo eterno da dinâmica causal.

Menciona-se nesta fase, um aspecto muito importante, que é a aplicação da causalidade a algo que existe no espaço e no tempo, e portanto a sua sujeição à dinâmica etena.

Conclui-se que as leis da causalidade controlam, regulam e dinamizam o espaço eo tempo.

A lei da causalidade é intrinseca à existência da matéria, determinando o seu ser, ou seja, determinando a sua percepção. Determina também, naturalmente a forma da matéria, dependendo da imensidão de factoriais, que dinamizam o processo causa-efeito.

Conclusão: A essência da matéria é o devir, a aterna mudança, sujeita às leis do nexo causal.

Surge aqui uma problemática deveras interessante, a de saber a essência do mundo imaterial (da alma), uma vez que está descoberta a essência do mundo material. Quero deixar esta questão para outra fase da presente obra.

Quanto à questão da relação entre o espaço e o tempo, considero importante recorrer a um exemplo para ilustrar de forma clara, a forma como estes interagem. Analisemos o exemplo de uma reacção de combustão. Esta tem a seguinte forma:

Mat. Orgânica + O2 ---> CO2 + H2O


Idêntifiquemos o espaço, o tempo e a relação causal neste fenómeno. Antes da ocorrência da reacção, a matéria orgânica e o oxigénio ocupam um determinado espaço. O tempo em conjunto com aplicação do elemento dinâmico de causalidade leva à ocorrência da reacção. Com o decorrer do tempo, matéria orgânica e oxigénio são transformados (dão o seu lugar no espaço) em dióxido de carbono e água. Durante todo este processo, a articulação do tempo e da dinâmica causal levaram a permutações no espaço da matéria reaccional.

Convém referir que a dinâmica causal que ocorre durante o tempo, tem de se referir a um espaço, conluindo-se que o tempo e o espaço estão necessáriamente interligados.

Na Realidade temos a cada momento a imensidão dos estados, que são no seu conjunto parcelas da dinâmica causal. A aplicação do tempo a este conjunto de dinâmicas leva à alteração de estado. É claro que a alteração dos estados da matéria dá-se em diferentes graus, alterando-se alguns significativamente, enquanto outros não, sendo este contraste de graus modificativos o que permite detectar o grau de transformação da matéria.


Faculdades intelectuais

A todo o tipo de representação no sujeito está associada um tipo de faculdade intelectual. Em Kant as faculdades do espaço e do tempo foram designadas sensibilidade pura. Reside neste ponto, uma critica de Schopenhauer a Kant quanto à designação destas faculdades de sensibilidade pura, uma vez que sensibilidade subentente realidade extensa, Como propriedades apriori das faculdades do espaço e do tempo, nunca podem ter subentendidas em si "res extensa".

A faculdade intelectual associada à causalidade é o entendimento (capacidade de percepcionar os efeitos dinâmicos da máteria, o devir da matéria).

Shcopenhauer restringe o entendimento à capacidade de descoberta das causas. Este é no entanto, um campo tão vasto, tão amplo que se torna imensamente fascinante, este é o campo da ciência. Apesar da sua amplitude, a descoberta das causas, ou ciência, tem subjacente uma unidade. Por exemplo, toda a ciência depende de um método comum, o método ciêntifico, que consiste na constantação de um problema, na discussão critica do mesmo, na proposta de alterações relativamente aos aspectos postos em causa e por fim na validação, ou não das alterações propostas, surgindo um novo problema. Esta é a evolução de todo o saber humano, residindo a sua essência dinâmica, exactamente na constantação do problema perante um elemento negativo, que é a discussão critica.

Em todo o processo causa-efeito é sempre o efeito que nos motiva para a causa. É portanto a causa que permite a intuição da realidade pela faculdade intelectual do sujeito. O que foi enunciado é uma constantação directa e nunca produto abstrato da reflexão. É a verdade que permite a constatação da representação pela consciência do objecto. Sem esta verdade a consciência seria vazia e sem entendimento. Na condição de não existir entendimento, o objecto, naturalmente existiria na representação, mas não seria entendido.