sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Pequena reflexão sobre Deus

Proposição: Deus não é o todo

Demosntração: Em tese podemos definir Deus como o infinitamente sublime. Ao defini-Lo como infinitamente sublime estamos já a limitá-lo, pq estamos a separa-lo do todo. Conclui-se portanto que Deus é limitado e que portanto Deus não é o todo.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Meditações em Schopenhauer - E para além da representação?

Num grau primário toda a representação é objecto e sujeito. Até agora só analisamos o mundo como representação. Falámos das noções de tempo, espaço e causalidade que estão contidas no objecto. O sujeito é no entanto uma condição para a existência do objecto assim como o objecto para a existência do sujeito (Há relação de reciprocidade). Conclusão: tempo, espaço e causalidade estão contidos intrisecamente no sujeito e portanto são conhecimento apriori.

Schopenhauer nega a existência da intuição racional, que permitiria o conhecimento do absoluto, da identidade sujeito-objecto. Esta intuição racional permitiria segundo principio da identidade a explicação do sujeito pelo objecto e do objecto pelo sujeito.

Desta filosofia da identidade são originados duas filosofias:

Idealismo transcedental - Através do princípio da razão o sujeito cria o objecto

Filosofia da Natureza - O sujeito é gradualmente produzido pelo objecto num processo contrutivo continuo.

Pomos dividir os sistemas filosóficos numa primeira fase entre aqueles que usam como principio base o objecto ou o sujeito. Os sistemas com base no objecto são: aqueles para os quais "o objecto é real"; aqueles para os quais o "objecto é substância"; Aqueles para os quais o "objecto é número"; e por fim aqueles para os quais o objecto é livre arbitrio. Nestas filosofia o entendimento é uma faculdade produzida pelos objectos e portanto não está contida no sujeito. Temos portanto um "entendimento material".

Para os sistemas cujo objecto é a realidade a dinâmica causal, o espaço e o tempo reais são essências de onde tudo provém. Este sistema é a base das ciências empiricas ----> numa primeira fase explicaram as causas microscópicas ( por exemplo estudo proporcionado pela Química - estudo das propriedades micriscópicas da matéria).

Schopenhauer critica o materialismo, como uma doutrina de conhecimento sujeito a um circulo que volta sempre ao mesmo ponto, uma vez que, parte da matéria com entidade absoluta, para chegar no fim do processo do conhecimento de novo à matéria inicial. No fundo o materialismo tem um elemento extremamente positivo no seu processo de aquisição de conhecimento que é a descoberta das dinâmicas causais entre objecto (é aqui que se funda toda a sua estrutura). Conclusão: Apesar de o materialismo nâo perscrutar a essência das coisas em si, tem o dom de se concentrar nas dinâmicas causais e de por o entendimento em funcionamento (importantissimas para a interpretação do mundo). No materialismo o entendimento é colocado como cerne do mundo, sendo esse entendimento um produto dos objectos do mundo.

A seguinte asserção de Schopenhauer é bastante ilustrativa da critica que ele faz ao materialismo: " O materialismo é um esforço para explicar pelos dados mediatos o que é dado imediatamente".

O materialismo diz que partindo da compreenção dos objectos consegue representar as representações imediatas. Aqui reside a essência da refutação do materialismo de Schopenhauer. Como pode a explicação das relações entre os objectos explicar as representações imediatas, se o próprio materialismo exige que as representações mediatas de que parte (os objectos) sejam explicadas pelos mecanismos do cérebro? Ou seja, o meterialismo exige que o cerebro processe os objecto mediatos antes de eles existirem. Cai deste modo o materialismo no absurdo de partir dos objectos e depois exigir que eles próprios (o cérebro) se criem a si prórpios.

Os fundamentos da ciência são:

Os princípios que regem a razão ---> Contém em si o sujeito porque a razão é pertença do sujeito.

Objecto ---> Determina a aplicação direccionada da razão

A ciência tem como fim ultimo encontrar o elo causal de todas as dinâmicas causa-efeito. Tem o objectivi de analizar todos os "factoriais", todas as condicionantes da transição causa-efeito. Enfim procurar as harmonias no mundo.

Uma das problemáticas da ciência em particular da Química é a da existência da entidade primordial, ou seja, a particula indizível de Demócrito. Apesar de quantitativamente os químicos admitirem, naturalmente, que a matéria é infinitamente indizivel, qualitativamente aguns no decorrer na história da ciência não aceitam este facto. Em toda a Química actual onde esta ideia persista, considero-a um erro, dado que a existência qualitativamente primordial de algo não explicaria a interacção doutro algo com essa matéria primordial. A definição de matéria primordial tem como propriedade a sua não possibilidade de tranformação, dado que perdia o seu caractér primorial (substância ultima de carácter permamente e essência da coisa em si). Esta questão está fora dos limites da inteligibilidade, apesar de ser muito importante.

Materialismo implica existência sem sujeito. Ora, se o objecto tem a sua existência dependente da percepção o objecto perde a sua existência sem percepção que o representa. A realidade foi criada no momento em que o primeiro ser vivo percepcionou. Antes o mundo não era representado, não tinha existência. A representação criou o mundo.

Primeira percepção ---> Exige "existência" de encadeamento causa-efeito anterior à percepção, temos portanto aqui uma contradição. Temos uma contradição, porque afinal existe causalidade antes da percepção representada (Contradição da faculdade de conhecer). Esta contradição pode ser resolvida colocando o tempo, o espaço e a causalidade não como propriedades da "coisa em si" mas da representação. Nas palavras de Schopenhauer: "o mundo objecto ou o mundo como representação, não é a única face do universo, é por assim dizer o penoso, a súperficie".

Schopenhauer coloca a representação, incluindo o tempo, espaço e causalidade como superficie do cosmos, ou sua parcela. A outra parcela, a "coisa em si", essência do mundo é para Schopenhauer a Vontade.

A primeira percepção determina a existência do primeiro tempo no passado. O começo do tempo não se deu na primeira percpção, é ele o próprio começo em si, ele é o pano de fundo do conhecimento, o pilar, a base do conhecimento. O passado, o presente e o futuro são uma determinação do sujeito, passado é representação temporal do sujeito.

Em Kant o principio da razão não permite atingir a coisa em si. O principio da razão permite conhecimento do fenómeno, não do númeno. Prencipio da razão ---> Determina objectos na sua formalidade mas não a "coisa em si".

Na escolástica o principio da razão contém em si o obsoluto. Contudo Kant não considera a razão como o absoluto, mas sim relativo, limitado e inteligivel. A razão é limitada ao fenómeno (no tempo, no espaço e na causalidade). O prinipio da razão não determina o sujeito, determina sempre o caracter formal dos objectos, nunca a "coisa em si" destes. Objecto, por sua vez, não determina o o sujeito e sujeito não determina objecto. A determinação destes pertence ao trancendente. Estamos como Schopenhauer aponta numa fuga à "coisa em si" à essência do cosmos ao relativizar o prencipio determinante da representação. A essência não estará, portanto, na representação porque esta não tem caracter absoluto.

Colocar a "coisa em si" no objecto é o principio base do materialismo. Colocar a "coisa em si" no sujeito é o principio base do idealismo.

A razão não pode ser absoluta porque então seria Deus. Deus estaria então contido numa propriedade absoluta do ser humano que na realidade não o é.

Em Schopenhauer toda e qualquer radicalidade filosófca em que o ponto de partida é o sujeito ou o objecto é um absurdo, autoaniquilando-se. O ponto de partida de Schopenhauer é a representação que é articulada pela relação sujeito-objecto. Como já foi referido o principio da razão determina a formas da representação. É ao assumir o principio da razão que a representação se sujeita ao principio da existência, no espaço, no tempo e na causalidade.

Nesta fase Schopenhauer define um novo principio da razão que é o conceito determinado pelo principio do conhecimento

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Meditações em Schopenhauer - O corpo

Até agora todo o cosmos era representação, inclusivé o nosso corpo. Nesta fase vamos estudar a existência ou não de uma linha limite entre a representação do nosso corpo e do resto do cosmos.

A representação do corpo é conhecimento imediato, ao contrário do conhecimento dos objectos para lá do limite corporal, cujo conhecimento é mediato (ou seja, depende da actividade dos objectos). O corpo tem a forma de acção propolcionada pala a alma, a sua forma é alterada pela modificação dos estados da matéria motivados pela alma.

Em Descartes o corpo é precisamente a fronteira entre o cógito e o cosmos, o eu e universo. No entanto para ele o corpo não é conhecimento imediato, só sendo conhecimento imediato o cógito. Em Schopenhauer temos antes um fio de ligação entre duas faculdades. A faculdade do entendimento e a faculdade da sensibilidade ou conciência da acção do cosmos sobre o corpo.

O mundo representativo subdivide-se, portanto, no conhecimento intuitivo já estudado anteriomente (resulta da capacidade que o entendimento tem de aplicar a lei da causalidade às dinâmicas dos objecto) e sensibilidade aos objecto imediatos.

O objecto imediato, é assim, toda a representação de um objecto percebido directamente e que não resultada actuação da dinâmica causal entre objectos. De notar, que este objecto resulta sempre da interacção com o corpo.

O corpo também está sujeito, ao entendimento, que contém em sim (como vimos) a lei da causalidade. O corpo é então uma intuição de um objecto, idêntica à de outro qualquer tipo de objecto aplicada à dinâmica da causalidade contida no próprio corpo.

É uma caracteristica do reino das espécies animais a faculdade do entendimento, a capacidade de efectuar a a interligação entre e dinâmica causa-efeito. É claro que esta noção da dinâmica causal tem diferentes graus. Num grau inferior está a dinâmica causal entre objecto imdiato e mediato, num grau superior está o entendimento das relações entre objectos mediatos e todo o empreendimento que consiste o penetrar na complexidade destas relações causais.

Toda a percepção é numa primeira fase apenas produto do entendimento, do qual nunca provém "produção de conhecimento". Consiste assim, numa primeira fase, em intuição pura que depois se apresenta à razão, a qual actua sobre as representações abstratas podendo trata-las conforme os principios da razão.

No seu mais elevado ponto de desenvolvimento, o entendimento é a capacidade de descoberta das causas "desconhecidas" dos efeitos. Estes são depois apresentados à razão onde se estabelecem como lei universais do cosmos. Poderemos então designar o entendimento como o "arquitecto" da razão, dado que é ele que constroi os conceitos da razão. A razão aprenseta-se apenas como elemento onde os conceitos racionais se manifestam.

As espécies animais têm a particularida de terem entendimento, mas não terem razão . O facto de não terem razão permite-nos estudar nestes o entendimento isolado da razão.

Os animais não têm razão que permite o armazenamento e articulação dos conceitos abstratos e portanto não refletem, dado que a reflexão exige arquétipos abstratos. Na estrutura da razão funda-se a verdade que é todo o conhecimento sujeito ao escrutinio da exactidão. Já o entendimento processa todas as percepções reais e que não contêm em si a verdade. Entendimento é processamento articulado da percepção real em conjunto com os conceitos abstratos da razão. É claro que a razão como assimilação de verdades está sujeito ao seu oposto que é o erro enquanto o entendimento como assimilação da realidade está sujeita como seu oposto à aparência. Aqui coloca-se uma questão, talvez a maior questão de toda a filosofia, que é a de saber se a realidade pura, assim como a verdade pura existem. Mas, o que se afima aqui é que a verdade e a realidade existem mas em diferentes graus de pureza.

O conhecimento apriori é condição necessária de todo o animal e do homem e dele provém a capacidade de percepção.

Abaixo hierarquicamente da razão e do entendimento está o instinto. O instinto é toda a acção que deriva de processos não racionais.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Meditações em Schopenhauer - Sujeito e objecto

A condição necessária da intuição são as leis da causalidade, contudo não existe uma relação de causa-efeito entre objecto e sujeito, dando se unicamente esta relação entre os objectos imediatos e mediatos. Assim o sujeito nunca experimenta directamente efeitos, mas sempre os objectos por si percepcionados.

A lei da causalidade é a condição precedente e necessária da intuição, da noção de sujeito e objecto e ao Principio da razão. É pois a lei da causalidade a lei "primeira".

Apesar de não o demonstrar aqui, o Principio da Razão é o determinante formal de todo e qualquer objecto.

No seguimento do pensamento enunciado, o objecto e a representação estão obviamente interligados, ou seja, o objecto pertence à representação. A representação só existe na existencia de um sujeito que represente. Conclui-se que o objecto nunca pode existir em si, separado do sujeito. Podemos mesmo dizer que há mais que uma interligação entre o objecto e a representação e dizer que eles se fundem numa unidade significando a mesma coisa. A própria essencia dos objectos é a aplicação da lei da causalidade aos seus estados no tempo, que provocam a permuta desse estado para outro.

Tudo o que foi expresso refere-se à forma de representação do mundo empirica. Nas suas representações o mundo é o que parece ser. Este é um mundo complementa inteligivel, cuja profundidade é perfeitamente alcançavel.

É um erro comum na utilização do principio da razão, aplicar as formas abstratas que representa às representações intuitivas (objectos). Confere-se, deste modo aos objectos, o principio do conhecimento, em vez do principio da existência o que é um tremendo erro.

A articulação entre os diversos conceitos e juizos abstratos é efectuado pelo principio da razão. Contudo a estes conceitos recebem a sua realidade de "algo diferente deles" que será o principio do conhecimento.

Chegamos nesta fase, depois de debater a problemática da relação entre sujeito e objecto e toda a essência desta questão a uma nova questão que se coloca ao Principio da Razão e que se coloca do seguinte modo: Não poderia toda a nossa vida ser um sonho? Qual a distinção entre sonho e vigilia?

Sonho e vigília são ambos representações sujeitas à lei da causalidade e é a ruptura do encadeamento dos elos causais das representações que distingue um e outro. Naturalmente, pode haver migrações de representações do sonho para a vigilia e é nessa ocorrência que a vigília pode ser afectada pelo sonho.

O sonho tem uma pluralidade de graus de clareza a todos eles aplicados as mesmas leis da causalidade e da vigília. Entre esses graus de clareza, a mais pura é aquela que se confunde com a vigília. Mas não haverá uma separação objectiva entre estes dois estados?

A distinção entre o sonho e a percepção real estão em que no sonho não existe a continuidade da percepção real. No sonho há uma anarquia representativa sem continuidade perceptiva.