quarta-feira, 30 de abril de 2008

Meditações e Schopenhauer - Conceito

A representação dos conceitos é pertença única do homem. O conhecimento intuitivo das representações de conceitos é impossivel. Todo o conhecimentos abstrato está fora do âmbito da experimentação, que apenas pode pode ser aplicada às representações intutivas.

A forma de abordar a questão das representações dos conceitos, tem necessáriamente de ser diferente da forma como se tratam as intuições, dado que são de naturezas diferentes.

Os conceitos representam potência para a actuação sobre o real. Aliás, todos o actos derivado da representação de conceitos, está manifesto nas mais notáveis obras da humanidade, efeito do mecanismo de elaboração de conceitos humano.

Poderemos definir a linguagem, como o mecanismo de transmição de conceitos, mais ou menos elaborado, sendo a amplitude da subtileza destas transmição enorme. Assim, temos num extremo a poesia, a filosofia, como a mais elevada transmição de conceitos pela linguagem. E temos os conceitos primários, a linguagem que resulta do condicionamento associado a um grau de reflexão muito residual.

E como assimilamos a linguagem?

Pela formação de arquétipos mentais?

Schopenahauer apesar de não falar arquétipos, propriamente, mas em imagens mentais , considera que a formação de tantas imagens na assimilação da linguagem seria tumultuosa, por ser excessiva a quantidade de imagens mentais. Schopenhauer pensa que poucos arquétipos se formam na assimilação da linguagem dado que as noções de linguagem recebidas são mioritáriamente noções abstratas.

Depois da assimilação destas noções abstratas formando conceitos, a razão tem a capacidade de aplica-las ao mundo real, e transmiti-las na forma de linguagem --> é isto que diferencia o homem do animal, a capacidade de formar conceitos, de os identificar e de os enquadrar no mundo fisico e metafisico.

Todo o fenómeno produzido pela razão está intimamente ligado aos conceitos. Tudo isto , naturalmente, se refere às representações abstratas e não às representações intuitivas. A verdade é que para os conceitos formamos imagens. Por exemplo: quendo pensamos no conceito de Deus formamos a imagem mental do céu, exactamente por simbolizar o que está acima de nós, e Deus simbolizar o eternamente superior.

O conceito e a intuição, estão intimamente interligados e associados. Para definir o conceito é necessário associá-lo e relacioná-lo com a intuição porque a intuição é a sua estrutura base. Para Schopenhauer, a reflexão não passa de uma representação interna do mundo, da intuição. Define o conceito como representação de representação.

A representação na sua essência é uma manifestação do conceito da razão. O principio da razão é também prinicipio do conchecimento -> portanto o elo de ligação entre representações abstratas pertence ao principio da razão.

É claro que do prinicipio do conhecimento manifesto na representação abstrata, com origem nos conceitos se podem originar novas representações abstratas, não sendo este um processo infindo. Chegamos sempre a um ponto que o conceito não se estrutura só na representação abstrata, mas também na intuição.

Numa metáfora podemos imaginar o mundo da intuição como a terra e o mundo da reflexão o céu, visto como intangível e com limites de inteligibilidade. Apesar do conceito conter a noção de algo pertencente ao real, ele não o representa na substância. O conceito nunca deixa de ser um ente abstrato . Associada a qualquer representação chegamos sempre ao ponto em que o conceito se estrutura em função não só da representação abstrata, mas também na intuição. Numa metáfota podemos imaginar o mundo da intuição como a terra ( o mundo físico) e o mundo da reflexão o céu visto de um ponto de vista intangível, ininteligivel (mundo não físico). Apesar de o conceito conter a noção de algo pertencente ao real , ele não o representa na sua substância enquanto conceito. O conceito nunca deixa de ser um ente abstrato, associado a qualquer representação abstrata produzida pela razão (a todos os conceitos está associada uma generalização, da qual se pode deduzir particularidades inerentes ao real).

A todo o conceito como generalização que é surgem todas as derivações particulares. Por exemplo: Para o conceito de mal que representamos, surgem associdados todos os casos de mal que nos recordamos.

Conceito de mal ---> Ter acto voluntário com intenção de provocar dor fisica e psicológica em alguém.

Schopenhauer define cada conceito como uma esfera e nota de forma deveras interessante que as esferas dos conceitos, têm de necessáriamente estar contidas nas esferas de outros conceitos. Existem aspectos contidos noutros conceitos . Portanto, quanto mais genérico o conceito, mais abrange relativamente às esferas de outros conceitos.

Regra definida por Schopenhauer : "Dois conceitos que diferem realmente, cada um, ou pelo menos um dos dois, deve incluir qualquer elemento não encerrado no outro".

A forma mais perfeita de representar conceitos é o circulo. Deste modo, quando dois conceitos significam exactamente o mesmo, ambos representam o mesmo circulo. Para exemplo do que foi dito, basta pensar nas palávras sinónimas, mas tendo em atenção as possiveis formas de divergência interconceitos. Temos também os conceitos que por terem natureza mais ampla que outros, os contêm em si. Temos os conceitos que contêm em si um conjunto de conceitos, mas que constituem a sua parte, que conjugados constituem o todo. Temos ainda dois conceitos diferentes, com sub-conceitos que se interligam.

Temos ainda sub-conceitos contidos num conceito, mas que apenas constituem uma parte destes. De notar que as relações entre os conceitos descritos podem ocorrer entre si.

Toda a estrutura sistematizada do saber ou teoria ciêntifica é uma sistematização de certezas de caracter amplo e abstrato, aplicando-se aos objectos do mundo físico. As ciências são deste modo leis que provam regularidades nos fenómenos físicos. Obviamente, uma ideia geral abstrata é muito mais facilmente trabalhável de modo a que sujeita a condições limite, esta ideia geral se particularize e se torne uma descrição de um fenómeno específico. A lógica neste aspecto difere dos resto das ciências . A lógica é o estudo das dinâmicas racionais, consiste na sistematização abstrata dos mecanismos da razão. Ex: tudo o que não tem lógica não obedece aos mecanismos racionais.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Meditações em Schopenhauer - Razão

É um acto que provém e que tem como principio primário a intuição, sendo inerente a ela. A intuição tem como caracteristica a pré-determinação causal para uma ampla variedade das situações em análise ----> A verdade e a certeza estão quase sempre muito próximas.

Exemplo: Vejo uma mesa, considero-a uma certeza muito próxima da verdade ----> Definimos esta representação como um facto. Mas o acto da intuição é estagnado dado que nesta representação apenas as faculdades primárias são utilizadas. Na intuição ainda não atingimos o estado de dúvida, nela todo o mundo é "perfeito". Na intuição ainda não desobrimos a ignorância, todo o mundo é um dado adquirido. Neste mundo vivemos então num irracionalismo, que no homem contém a potência da racionalidade. A intuição na sia simplicidade contém em si o contingênte e portanto é uma dinâmica do "acto natural". Defino aqui "acto" e dinâmica com sentidos similares.

A razão ao contrário da intuição caracteriza-se pela sujeição à dúvida ao erro. Na sua capacidade especulativa permite penetrar no dúbio por conter em si a criação. Pela sua complexidade, a especulação racional é fonte das mais poderosas sistematizações do pensamento. Ela é a fonte de todas a ideias instituidas (conceitos). A luta instituidas contra estas sistematizações racionais na procura detectar erros nelas é a obra dos grandes pensadores. Conclui-se que: O processo racional reside na dúvida, no detectar o erro e evitá-lo contantemente. Todo este processo é um processo de aversão ao erro, mas que vive dele e da sua detecção. Temos uma relação paradoxal de opostos em que se manifesta aversão pelo erro e em que no entanto, este é o fio condutor que leva à contemplação do admirável, do espantoso "novo conhecimento" ou "novo conceito"!


Representação no objecto

----> Tempo;
----> Espaço;
----> Causalidade;


Representação no sujeito

----> Intuição
----> Entendimento

----------------> Num grau superior só o homem tem reflexão


A reflexão tem a capacidade de indicar causas e de por acção da vontade restringir a causa mais forte ---> Portanto aqui a vontade funciona como despontar da potência que liga causa ao efeito.
Máxima essencial em Schopenhauer: "O animal sente e percebe, o homem pensa e sabe, ambos querem".

(Acto ----> Acumulação da vontade) --- >Tanto no animal como no homem.


Entre reflexão (só pertença do homem) e intuição (presente nos homens e nos animais apresenta-se um enorme hiato. Na intuição expressa-se unicamente o movimento aleatórios associados a uma vontade no máximo rudimentar. No homem atinge-se uma elevação da vontade, uma subtuleza da vontade expressa na linguagem e na complexidade da reflexão e do pensamento. Poderemos mesmo dizer que entre linguagem a razão há uma relação de reciprocidade muito importante.

Razão e Reflexão <---------> Linguagem

A capacidade de refletir no homem dá-lhe consciência da morte, para a qual é por natureza averso, mas que sabe eu um dia sucederá. Este facto mancha de melancolia inúmeros momentos da vida do homem, dado que está sujeito a um dado adquirido que é antinómico da sua própria natureza, que é o facto de ser um "ente vivo". A esta força imposta por uma das caracteristicas da natureza humana, neste caso o facto de estar vivo, chamarei como Schopenhauer "Força Vital". Na "Força Vital" detectamos o impulso da consciência perante um facto antinómico à natureza do ser vivo (que é o facto precisamente de ser vivo).

A razão contém em si a faculdade de conhecer. Funciona como elemento de controle do irracionalismo ou da mescla racional/irracional inerente a todo o homem. Não é que a mescla referida não seja importante, muito pelo contrário, considero-a um elemento fundamental no devir da razão e na sua própria estruturação. É que a mescla racional/irracional é a fonte da dúvida do erro, da investigação, fundamental no processo de procura da verdade.

Schopenhauer detecta na história da filosofia, uma torrente de teorias para definir a essência da razão e conclui que estas ou são pouco claras, ou se contradizem. Isto é revelador da complexidade desta questão. Schopenhauer define, no entanto , como função essencial da razão: a formação de conceitos.

Esta formação de conceito explica toda a linha divisória entre o que é racional e o que não é racional.